Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Santa Catarina - CRMV-SC

CRMV-SC participa de debates em evento do CFMV sobre o futuro do ensino na medicina veterinária - palestras estão disponíveis

16 de agosto de 2023

Profissionais, professores e acadêmicos se reuniram presencialmente em Brasília e de forma on-line (Zoom/Youtube) para debater o cenário e o futuro do ensino da Medicina Veterinária no Brasil. O assunto foi pauta do Primeiro Fórum das Comissões Nacional e Regionais de Educação da Medicina Veterinária e do 25º Seminário Nacional de Educação da Medicina Veterinária, nos dias 9 e 10 de agosto. O CRMV-SC foi representado pela vice-presidente Silvana Giacomini Collet, coordenadora do curso de medicina-veterinária da Unoesc- Xanxerê e pela secretária-geral Thalyta Marcilio, educadora do Senar estadual e nacional.

Na abertura do fórum, o presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Francisco Cavalcanti de Almeida, explicou o panorama político e legal da Medicina Veterinária no país. “O CFMV vem agindo há um bom tempo em busca da qualidade na formação, porém não tem ingerência sobre a abertura de novos cursos. A avaliação dos projetos pedagógicos é feita pelo Ministério da Educação (MEC), que permite a abertura e fiscaliza os cursos de graduação, mesmo assim não deixamos de trabalhar e lutar pela qualidade do ensino no Brasil em todas as esferas de governo”, elucidou o presidente, demonstrando sua inquietação com a situação.

Cavalcanti aproveitou a oportunidade para dar, em primeira mão, a notícia de que ele, a Diretoria Executiva do CFMV e a presidente da Comissão de Educação da Medicina Veterinária do Conselho (CNEMV), Maria José de Sena, levaram as preocupações e demandas da classe ao ministro da Educação, Camilo Santana. A audiência foi no dia 8 de agosto, em Brasília. “Fomos muito bem recepcionados e ouvidos. Estamos na expectativa de que futuras ações do Governo Federal possam garantir a qualidade do ensino da profissão”.

A vice-presidente do CFMV, Ana Elisa Almeida, enfatizou a importância de proporcionar debates como esses em eventos do federal. “As duas últimas gestões do CFMV têm trabalhado para garantir a qualidade do ensino. Vamos continuar juntos nessa luta. Saímos da audiência com o ministro esperançosos em relação à atuação do MEC em benefício da Medicina Veterinária”, revelou a vice-presidente aos participantes.

Na opinião do tesoureiro e coordenador das comissões do CFMV, José Maria dos Santos Filho, os fóruns e seminários são essenciais para uma boa reflexão e o auxílio da contextualização das demandas da classe. “Tive a percepção de que nossos anseios e pedidos serão atendidos”, declarou, sobre a reunião com o ministro.

Para a presidente da CNEMV, as discussões da semana ocorreram em um momento oportuno, quando há urgência em ações para garantir a qualidade do ensino no país. “Os resultados desses dois dias de debates serão subsídios para a construção de um documento que vai auxiliar a Diretoria da autarquia em articulações institucionais e políticas”, afirmou Maria José, que também é professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Na avaliação da vice-presidente do CRMV-SC, "a preocupação entre os profissionais da educação é muito grande. Voltamos deste encontro ainda mais conscientes da necessidade de que algo precisa ser feito. Os conselhos profissionais não podem tutelar sobre os cursos de graduação no Brasil, mas podemos nos unir e buscar ferramentas para não deixar a situação piorar”.

Em Santa Catarina, são oferecidos 28 cursos de graduação em medicina veterinária e mais de três mil vagas são autorizadas por ano, de acordo com os dados do painel de inteligência de dados criado pelo assessor técnico do CRMV-SC, médico-veterinário Fernando Zacchi.


25º Seminário Nacional de Educação da Medicina Veterinária.

A presidente da CNEMV iniciou o 25º Seminário Nacional de Educação da Medicina Veterinária esclarecendo sobre o cenário brasileiro do ensino em Medicina Veterinária, a situação dos projetos dos cursos da área e a autorização deles no MEC. “O projeto pedagógico indica que tipo de profissional a instituição está formando; muitos deles estão em descompasso com as diretrizes curriculares nacionais (DCNs). São 556 cursos de Medicina Veterinária registrados no MEC, e 25 deles são a distância (EAD). A primeira turma 100% EAD acabou de se formar. É uma grande preocupação”, avaliou a presidente.

Curricularização da Extensão: Desafios e Perspectivas

Os desafios para a implementação das novas DCNs foram abordados na apresentação de Miliane Moreira Soares de Souza, integrante da CNEMV. “É importante que as universidades enxerguem a extensão como uma oportunidade, e não apenas como uma burocracia a ser cumprida. Precisamos de ensino que busque soluções para os problemas sociais. O estudante deve ser qualificado para entender a sociedade e devolver respostas à população em questões primárias que envolvam a profissão”, defendeu Miliane, professora titular da área de bacteriologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Demografia da Medicina Veterinária no Brasil

A publicação “Demografia da Medicina Veterinária no Brasil” foi apresentada por seu autor principal, Antônio Felipe Wouk, professor titular aposentado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Paraná. A obra teve como base uma pesquisa digital aplicada em 2022 a profissionais formados e atuantes em Medicina Veterinária, que levantou o perfil sociodemográfico, a formação e atuação, além de interesses deles. A educação, a empregabilidade, a satisfação profissional e as expectativas do médico-veterinário foram analisadas.

“O objetivo é que o material sirva para o planejamento de ações com vistas à valorização da classe. Acredito que a Medicina Veterinária será fortalecida com um melhor planejamento público e privado de sua gestão corporativa, bem como por meio da gestão competente por parte de cada médico-veterinário de sua própria trajetória profissional”, refletiu Wouk.

A pesquisa foi realizada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Paraná (CRMV-PR). A discussão dos dados, redação do trabalho e apresentação foram elaboradas pelos médicos-veterinários Antonio Felipe Wouk, Camila Marinelli Martins, Rafael Gianella Mondadori e Marcelo Hauaji de Sá Pacheco.

Ensino para o desenvolvimento das competências

O palestrante Paulo Jardel Leite Araújo estimulou os participantes a uma reflexão sobre a construção curricular de competências, seu desenvolvimento e o processo de avaliação. “Esses três pontos precisam estar interligados para que haja efetividade no processo educacional. Não é só um currículo que tem que ser desenhado sob competências. É a prática de sala de aula que tem que se conectar ao currículo e a um sistema de avaliação. Tudo isso para que o processo educacional seja efetivo”, disse Araújo, que é pós- doutor em educação para competências.

Integração entre o ensino de graduação e pós-graduação na Medicina Veterinária

Carlos Eduardo Ambrósio, pós-doutor e vice coordenador da área de Medicina Veterinária da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), apontou detalhes do processo de regulamentação da Capes e como agregar a pós-graduação em Medicina Veterinária ao contexto. “As instituições de ensino superior podem buscar acrescentar mais ao ensino de graduação e pós-graduação e procurar a Capes”, assinalou.


A iniciação científica/tecnológica no contexto do ensino para o desenvolvimento de competências

Maria Clorinda Soares Fioravanti, integrante da CNEMV, mostrou como a inserção inicial do estudante no universo da pesquisa pode ajudá-lo a se tornar um profissional melhor. “O estudante dentro de um programa de iniciação tecnológica desenvolve as habilidades e competências necessárias nas novas DCNs. Há uma transversalidade entre pesquisa e ensino, desenvolvendo características que, com certeza, vão tornar o estudante um médico-veterinário melhor”, explicou ela, que é professora titular da Universidade Federal de Goiás.


Quer assistir às palestras? Acesse o YouTube do CFMV