As constantes reclamações de moradores sobre a presença de capivaras em áreas urbanas de Florianópolis levaram a Câmara Municipal a realizar, nesta quinta-feira (15), uma audiência pública para debater o tema. O encontro, promovido pela Comissão de Saúde, reuniu mais de 10 órgãos, entre o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina (CRMV-SC); Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram); , Secretaria Municipal de Saúde e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Os representantes dos órgãos reforçaram que a presença das capivaras na cidade não configura, atualmente, uma situação emergencial de saúde pública. Marinice Teleginski, gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, explicou que, apesar da preocupação comum, os dados não apontam para riscos alarmantes relacionados à febre maculosa, onde muitas vezes esses animais são reservatórios dessa doença. “É bastante comum que as pessoas associem a presença da capivara diretamente com um grande risco de transmissão de doenças. Mas, hoje, no nosso território, nós não temos essa realidade”, afirmou. Segundo ela, nos últimos cinco anos, foram registrados menos de 10 casos de febre maculosa em Florianópolis e nenhum deles teve confirmação de relação direta com as capivaras.
A assessora técnica do CRMV-SC, médica-veterinária Paola Manfredini destacou o papel do CRMV-SC como órgão fiscalizador e orientador. “Quando falamos em controle populacional de animais silvestres, estamos falando também da prevenção de zoonoses e do equilíbrio ambiental, pilares fundamentais da estratégia de Uma Só Saúde. Estamos aqui para ouvir as demandas da sociedade e dos demais órgãos sobre o controle das capivaras e levar essas questões para as comissões técnicas do Conselho, buscando uma atuação conjunta e responsável frente à situação”, disse.
Representando o Ibama, o superintendente regional, Paulo Maués, destacou que a audiência foi importante para esclarecer equívocos sobre a espécie. “Eu acho que é importante esse tipo de evento para que a população entenda qual o papel desse animal. Não é uma proliferação descontrolada, mas o desenvolvimento natural do animal no ambiente”, explicou. Ele também reforçou que, em relação a doenças, “não há motivo para preocupação no momento” e que o saldo da audiência foi positivo “em termos de conhecimento para a população”.
Apesar dos esclarecimentos técnicos, o vereador Renato da Farmácia (PSDB), que propôs a audiência, cobrou respostas mais rápidas do poder público. “Eu trouxe esse assunto para a Câmara por causa da quantidade de reclamações. O problema não é só a questão da febre maculosa. É você abrir a porta e encontrar uma capivara no seu jardim, ou ter risco de atropelar uma ao dirigir ou andar de moto”, disse.
O vereador Renato da Farmácia (PSDB), que propôs a audiência, afirmou que, caso nenhuma ação concreta seja tomada pelo Executivo, vai convocar uma nova audiência em 30 dias. “A população sente o problema no dia a dia. E nós precisamos dar uma resposta”, finalizou.