Reflexões sobre o bem-estar animal, conservação da fauna e a atuação com animais silvestres marcaram o Seminário Nacional de Animais Selvagens, promovido pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) nos dias 24 de junho, em Brasília (DF). Com transmissão ao vivo pelo YouTube do CFMV, o evento reuniu profissionais da área, estudantes e representantes das comissões regionais de animais selvagens.
Com base nos eixos “O profissional e os aspectos técnicos de sua atuação” e “Manutenção e conservação da fauna”, a programação abordou ainda temas como avaliação de bem-estar animal, resgate e soltura de animais silvestres, conflitos da fauna em áreas urbanas, check-up preventivo e o impacto do turismo de fauna no bem-estar dos animais.
Logo na abertura do evento, as falas destacaram o reconhecimento ao trabalho técnico dos profissionais que atuam com a fauna silvestre. “Vocês estão construindo uma atuação que, com certeza, repercute em toda a sociedade. Esperamos que este seminário traga novas possibilidades e caminhos para fortalecer ainda mais esse trabalho essencial”, afirmou o secretário-geral do CFMV, José Maria dos Santos Filho.
Ingrid Atayde, chefe das Comissões Técnicas do CFMV, propôs uma reflexão sobre os desafios emocionais e sociais enfrentados pelos profissionais da área. “Vivemos um momento em que há uma idealização perigosa sobre a proximidade com animais selvagens. Essa visão distorcida ignora os riscos e compromete o respeito à natureza desses seres. É preciso compreender o necessário distanciamento e os limites dessa convivência”, pontuou Ingrid Atayde, durante a abertura do evento.
Para Elisângela de Albuquerque Sobreira, presidente da Comissão Nacional de Animais Selvagens (CNAS/CFMV), a articulação entre os diversos campos de atuação é fundamental. “É essencial estarmos em constante atualização. Cada profissional aqui representa um setor importante, seja em zoológicos, criadouros, centros de triagem ou reabilitação. Essa diversidade de experiências fortalece nossa rede e contribui para decisões técnicas mais eficazes”, destacou.
Participantes
Entre os participantes, a troca de experiências e o conteúdo apresentado foram amplamente valorizados. Para Luciana Batalha de Miranda Araújo, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), o seminário promoveu uma conexão produtiva entre gerações e visões de atuação: “o mais interessante é a conexão entre pessoas que estão há mais tempo na área de animais silvestres e os mais jovens, com ideias que podem ser transformadoras, como o uso de silvestres como pets e a invasão de centros urbanos. Algumas propostas apresentadas aqui já discutimos no regional e, com certeza, vão nos ajudar a estabelecer novas prioridades de ação”.
O médico-veterinário Lucas Felipe, ressaltou o quanto os conteúdos abordados expandiram sua percepção profissional. “Os temas trouxeram realidades que para mim eram distantes. Bastante enriquecedor para o meu momento atual”, disse.
Já para a estudante Flávia Barom, do sétimo semestre de Medicina Veterinária da Uniceub, foi uma oportunidade valiosa de aprendizado e inspiração. “Hoje em dia é difícil ter acesso a informações tão atualizadas, e aqui no Conselho estamos ouvindo referências da área. Isso reforçou ainda mais meu interesse pela pesquisa e pela conservação da fauna”, revelou.
Fórum das Comissões Nacional e Regionais de Animais Selvagens do Sistema CFMV/CRMVs
No dia seguinte (25/06), o Fórum das Comissões de Animais Selvagens abriu espaço para que os representantes regionais apresentassem suas iniciativas, compartilhassem desafios locais e propusessem estratégias de atuação. A troca de experiências reforçou o papel das comissões locais na construção de políticas públicas e na defesa da fauna silvestre em todo o país.
O seminário e fórum reafirmam o compromisso do CFMV com o fortalecimento da Medicina Veterinária e Zootecnia aplicada aos animais selvagens, valorizando os profissionais e promovendo o avanço técnico e ético da atuação no setor.